Posted by : Monik Ornellas

Nós viemos assim, nesse corpo sinuoso, delicado em seus trejeitos e traiçoeiros em seus desejos. Cobertas por uma pele desconhecida, onde não enxergamos a nós mesmas, a menos que sejamos tocadas, defloradas ou desejadas. Esse é um vício feminino: se ver refletida no brilho dos olhos alheios.




Ontem foi mais um Dia Internacional da Mulher, penso que caso ele sirva para alguma coisa, nos vale como reflexão sobre a mulher e a postura sobre a qual ela vêm se conduzindo. Não quero bater na tecla da igualdade, do feminismo ou da vulgaridade comum da mulher de hoje, cada coisa tem seu caminho e dentro dele o aprendizado. Prefiro uma reflexão sobre a minha própria experiência feminina.


O quanto me descobri como Mulher ao longo desses 35 anos? Muito pouco. Exercitei e exercito muito bem o papel da  Filha, um pouco de Namorada, muito pouco o de Esposa, muito da Amante, vivo intensamente o da Empreendedora e com exceção dos meus projetos e criações que são como filhos, nada vivi como Mãe. O que me deixa feliz é que ainda tenho muitos quilômetros à percorrer, embora saiba que nunca estarei "pronta", pois estaria em desacordo com o próprio universo.


Para mim, ser mulher é a experiência de diversos papéis, que somados criam a sinergia da mulher que se é, com direito a upgrade contínuo. Mas a sensação e a real percepção de me sentir Mulher (com M maiúsculo), é um sentimento que está nascendo agora, como uma flor que desabrocha. Coisa da idade? Do tempo, da experiência? Muito provavelmente. 


No quesito relacionamento, não que nenhum homem tenha deixado de me fazer mulher, de forma alguma, cada um foi aquilo que aprendeu sobre “ser homem”, embora não acho que minha realização dependesse diretamente deles,  mas sim, do quanto eu me permiti ser mulher ao lado deles. Somos nós que nos abrimos para sermos preenchidas pela masculidade, somos nós que nos permitimos ser fecundadas consciente ou inconscientemente, e você pode colocar essa palavra - fecundar - em larga escala de sentidos.


Para ser mulher é necessário permissão. Falo da auto-permissão, pois o corpo, a mente e as emoções femininas são cheias de travas, labirintos, curvas escorregadias e becos tão escondidos que mesmo nós desconhecemos. Mas não venha me dizer que isso é culpa da repressão, dos sutiãs ou do cinto de castidade, o hoje tem uma razão de ser hoje. Por isso, é necessária essa constante auto permissão para perscrutarmos cada canto de nosso corpo cheio de hormônios, respirar cada sensação, cada temor e a dor de cada coisa.


Como tudo na dualidade, é difícil, mas também fácil ser mulher. Eu não gostaria de ser homem, pois somente de onde estou, posso contemplar a beleza que um homem é. Acredito que o homem que é possuidor de uma masculinidade genuína, bem construída ou re-construída,  também consegue esse ponto de vista privilegiado de encantamento em relação ao feminino, caso contrário, nos tornamos tão somente um buraco quente.


Sou apaixonada pelos homens, acho a masculinidade uma coisa embriagante. Os homens não sabem o poder que possuem, quando exercem sua masculinidade de forma gentil e cortez porém firme, conseguem nos conduzir sem percebermos a lugares que nunca sonharíamos estar. E eles não sabem do quanto precisamos disso. É algo que realmente nos deixa sem chão. Mas, é fato, embora eu seja apaixonada por eles, são poucos os homens que me “embriagam” hoje em dia, anda escassa essa masculinidade genuína. E não venha me dizer que é por que as mulheres estão ‘assim ou assado’ ou  que pedimos igualdade e agora reclamamos, falar isso, é querer generalizar o que não é generalizável, além de tirar o poder da individualidade e autenticidade de cada pessoa em se re-criar. Eu não estava lá, não queimei nenhum sutiã, logo, não coloque palavras na minha boca.




Embora, ser independente seja a melhor das sensações, nós mulheres, não nascemos para tomar todas as decisões sozinhas, causa sobrecarga em nosso sistema. É mais do que maravilhoso partilhar, tudo funciona melhor SE juntos, mas nunca SE misturados. Entendeu a diferença?


É curioso para mim observar que não tenho quase nenhum medo de viver relacionamentos, já cai e levantei tantas vezes que me sinto uma hylander emocional. Aprendi que qualquer experiência de relacionamento tem seu brilho, e que ela se torna melhor se formos cada vez mais autênticos, além de honestos e conscientes sobre nossos defeitos e dificuldades, sem jogar essa responsabilidade para quem quer que seja. 


Vivemos num tempo onde podemos experienciar uma diversidade de relacionamentos, alguns curtos, outros longos, uns bons, outros nem tanto. Gosto de enxergar esse processo como oportunidades de aprendizado e crescimento contidas em de cada história de amor que vivemos.




E assim vamos vivendo nesse planetinha como homens e mulheres, atraindo aqueles que são nossos espelhos muitas vezes sem aço, outras vezes côncavos (me lembrou a música de Roberto, que adoro) e nessa batida vamos fazendo upgrades, no fim, tudo sempre termina bem, é só lembrar que o ato de estar aqui não passa de uma grande experiência.





Uma pena não ter conseguido incorporar essa cena do filme "As Pontes de Madison", uma cena linda que fala de quando uma mulher se perde na segurança dos braços de um homem e acaba encontrando a si mesma. 
Mas clique no link e assista no YouTube:

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